segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pensamento e autoconhecimento




O grande filósofo René Descartes nos coloca frente ao principio fundamental de toda certeza racionalista presente na máxima “Penso logo existo”; ou ainda do Latim Dubito, ergo cogito, ergo sum: "Eu duvido, logo penso, logo existo". Nos dia de hoje tal cogito tem perdido sua proeminência, embora sua veracidade seja incontestável a meu ver, em virtude da precariedade do pensamento do Homem moderno. Ao dizer isso Descartes estava certo de sua dúvida, nos remetendo a uma questão existencial: penso, logo tenho consciência de mim mesmo, ou penso, logo sei, ou penso, logo tenho consciência, ou penso, logo sei algo certo. Na atualidade o que tem caracterizado a existência do indivíduo é a sua visibilidade e não a construção subjetiva de suas significações simbólicas por meio do ato de pensar, desta forma, uma frase que traduziria o modo de vivência das pessoas, segundo a escritora e filosofa Márcia Tiburi é “Sou visto logo existo”, uma vez que o individuo não quer mais pensar para existir e sim ser visto, ser reconhecido, para que sua existência seja comprovada.

Talvez isto explique o fato das universidades estarem cada vez mais lotadas de indivíduos famintos pelo diploma e não pelo conhecimento, uma vez que este só pode ser fruto do exercício constante do pensamento, evidenciando não apenas o fracasso do modelo arcaico de ensino, mas também demonstrando o quão amputado da experiência humana está o comprometimento para com a sua própria obra, sendo o ser tão somente uma repetição daquilo que já está consolidado sobre si e sobre o que o cerca. A vida passou a ser aceita sem nenhuma reflexão, não fazendo parte da experiência humana a indagação sobre o modo de existir no mundo, tal fato é preocupante, tendo em vista, que a resposta para as questões humanas deveriam ser encontradas de forma singular e não coletiva, uma vez que está ligada a sua experiência, sendo está única e intransferível.

Penso que a exortação de Sócrates, “conhece-te a ti mesmo”, não tem feito parte de nosso século, no entanto, concluo ser essa uma enorme fragilidade dos indivíduos, visto que é apenas por meio do autoconhecimento, oriundo da reflexão constante, que somos capazes de compreender o que move o nosso próprio comportamento. O que a Psicologia tem percebido ao longo dos anos é a que as pessoas sabem muito pouco sobre si e sobre o que determina ou motiva sua forma de comportar-se no universo das relações, uma vez que não se dedicam a entrarem em contato com o mundo privado de seus pensamentos. Segundo Skinner, uma pessoa pode saber que “está fazendo alguma coisa”, “que tende a fazer alguma coisa”, “que fez alguma coisa” ou “o porquê de ter feito alguma coisa, conhecer o que nos leva a comportar de determinada forma, nos possibilita operar mudanças desejadas sobre tal comportamento. Sendo assim, reconheço a psicoterapia como um espaço de produção do autoconhecimento, uma vez que o Psicólogo é o profissional capaz de ajudar o cliente a caminhar em direção a si mesmo, reconhecendo o problema e os mecanismos que tem o impedido de mudar.

Vanessa Wiegratz

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