segunda-feira, 27 de junho de 2011

Onde está o papai do neném?





Você já parou para pensar onde está o papai do neném quando a menina brinca de casinha e finge ser a mamãe? Será que ele está no carrinho dando uma voltinha por aí, ou foi trabalhar como nos diz a assustadora cantiga infantil “dorme neném que a cuca vai pegar, mamãe foi para roça e papai foi trabalhar” que embala o sono das crianças? Quanto a essa “inocente” musiquinha tenho minhas dúvidas se a criança dorme devido ao sono ou para fugir do horror que a tal cuca lhe causa. Mas voltando ao questionamento inicial, alguém saberia responder a razão pela qual desde a infância os bebes não tem pais?

Observando as constantes queixas dos filhos no consultório de psicologia e o comportamento dos pais, concluo que “ser pai” não é um comportamento ensinado aos homens pelas mulheres, afinal, quem educa os filhos em 99% dos casos? As crianças são ensinadas desde muito pequenas que o lugar do homem é na rua, ou existe alguma função para os carros além a de ser um meio de locomoção? Ninguém deseja ter um carro para vê-lo na garagem. O menino é presenteado com carrinhos e meninas com bonecas, não podendo haver trocas, um não pode invadir o espaço do outro, pois é errado, dizem os adultos. Desta forma as meninas aprendem que seu lugar é dentro de casa, no contexto familiar e os meninos aprendem que seu lugar é bem longe dali.

A consequência deste comportamento no futuro são homens que não conseguem exercer o seu papel enquanto pais, possuem dificuldades em se comprometer na educação dos filhos e de se relacionar com eles, estão longe, muito provavelmente dentro de algum “carrinho” bem distante da família. Sabemos que todo comportamento é fruto de uma aprendizagem que o antecede e esta é resultado da experiência e prática do indivíduo. Será então que os meninos não deveriam aprender o seu lugar enquanto homem no contexto simbólico das brincadeiras de meninas? Acredito que é momento de refletirmos sobre qual comportamento temos ensinado a estes homens desde a infância, ao invés de reclamarmos daquilo que nós mesmos criamos. 


Vanessa Wiegratz

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