segunda-feira, 27 de junho de 2011

Demanda de amor



Em tempos de crises nas relações, como a que nossa sociedade vivencia, nada melhor do que parar para refletir sobre um tema que há séculos vem ocupando a mente desde grandes pensadores a pessoas comuns, ávidas por desvendar os mistérios desta palavrinha carregada de um significado maior e por muitos ainda incompreendida. Estamos nos referindo ao AMOR, um sistema complexo e dinâmico que envolve cognições, emoções e comportamentos. Não pretendo aqui estabelecer definições para este, nem tão pouco discursar retoricamente sobre o mesmo, pretendo apenas provocar a reflexão sobre como este termo nos move no mundo e como somos dependentes dele para nos movimentar e nos identificarmos enquanto pessoas.

Somos seres insaciáveis pelo olhar do outro, estamos em busca deste olhar desde o nosso nascimento, nossas primeiras relações evidenciam o quanto agimos em função de atrair o olhar do outro para nós. Crescemos e essa necessidade se manifesta em todos os âmbitos de nossas vidas, trabalhamos, estudamos, realizamos obras sociais, desejamos alcançar sucesso profissional e financeiro com qual objetivo senão sermos amados e reconhecidos através do que realizamos? Tudo o que fazemos no mundo e em nossas relações nele é permeado por uma só demanda: a demanda de amor. Demanda esta que surge a partir de nosso desejo em atrair para dentro de nós algo que está fora, isto é, o olhar deste outro ser do qual demandamos amor, atenção, cuidado, reciprocidade, cumplicidade.

Entendemos que não existe pessoa fora do contexto das relações, mas como nos posicionarmos enquanto seres amados em uma sociedade onde impera o egoísmo e os interesses individuais? Como suprir a nossa demanda por amor em uma sociedade que se congela cada dia mais em blocos de solidão e relações cada vez mais superficiais, que se movem por interesses em satisfazer suas necessidades egóicas e não em mergulhar profundamente na relação com o outro e deixar emergir o olhar do qual necessitamos para aquecer nossa solidão existencial? São questões reflexivas que não pretendo responde-las a fim de aliviar o incomodo que estas nos trazem, busco apenas provocar a reflexão sugerindo que voltemos o nosso olhar para as mesmas e encontremos subjetivamente tais respostas, ou mesmo, que ampliemos nossas perguntas e incômodos, visto que sabemos que o que move o mundo não são as respostas e sim as perguntas.

Vanessa Wiegratz

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