Nem sempre mudança é sinônimo de erro, ao contrário do que muitos pensam. Fomos ensinados a pensar que quando estamos no rumo errado é sinal de que temos que mudar a direção em que estamos seguindo e jogar fora tudo o que vivenciamos anteriormente, visto que se trata de um erro. Será essa uma verdade?
Acredito que não.
Acredito que não.
Todos os aspectos de nossa história guardam consigo uma grande coerência com a etapa de vida em que passamos naquele momento, isto é, por mais estranho e difícil de aceitar determinada situação ao analisarmos depois que ela passou, entendemos que no instante em que a vivenciamos tiramos dela muitos elementos bons que justificaram a nossa escolha. Ainda me impressiono com a quantidade de pessoas que desqualificam suas relações passadas tão somente porque ela teve fim, o discurso é sempre o mesmo: acabou porque não deu certo. Então eu penso que se durante todo o tempo que ela existiu ela se mostrou como erro, então, não haveria a mínima razão para tê-la começado.
A mudança passou a ser percebida como um dilema, como a luta entre o certo e errado, ou seja, de acordo com a nossa ética, se estamos errados precisamos mudar para aquilo que é certo, pois para que mudar se estamos fazendo o que é certo, correto? Não. Existem mudanças qualitativas para o ser humano e que não se relaciona a erro algum, quando alguém faz uma mudança não significa, em tese, que a realização anterior estava errada, ou seja, mudar não significa uma derrota. Nossa tendência é acreditar que a última versão é a que vale e por isso as outras devem ser rejeitadas, apagadas e desvalorizadas, não devemos anular o passado. Nossas parcerias podem mudar, à medida que nossas identidades vão se modificando no decorrer da vida, sem que por isso a parceria anterior tenha sido errada. Será que as ex-namoradas, ex-namorados devem ser odiados em virtude de não estarem mais ao nosso lado? Foram estes grandes erros em nossas vidas ou foram e são partes dela? O grande problema é que ainda temos a tendência em acreditar que os rompimentos significam fracassos, o que acontece é que as pessoas vão se modificando no decorrer do tempo, e os valores vão sendo alterados, o foco, os objetivos de vida, os gostos, aquilo que unia os dois, tornando-se assim um ponto de encontro, pode deixar de existir. Sendo assim, os rompimentos não devem ser a destruição do passado e sim a constatação de que algo chegou ao fim e uma nova fase se inicia.
Vanessa Wiegratz
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