sábado, 11 de janeiro de 2014

Cheios vazios



O panorama apresentado sobre nosso século é de encher os olhos de todos aqueles que têm buscado o que nunca perderam, ou quem sabe nunca tiveram. O convite ao hedonismo[1], a busca insensata pelo prazer a custo de qualquer coisa é comum, e para que este prazer seja vivido, as pessoas abrem mão de preciosidades essenciais para uma vida com SENTIDO.

Não sabemos quem somos, o que queremos, não conhecemos quem está ao nosso lado e muito menos quem está dentro de nós: nosso “eu”, nossa identidade. É muito trabalho, muita correria, agendas lotadas, muitas contas a pagar. Compra-se o que não precisa, enquanto um turbilhão de coisas acontece nas poucas 24 horas do dia, portanto o essencial fica perdido, desprotegido, jogado em algum canto da casa, e muitas vezes, de nossas vidas.

Neste texto, falo brevemente sobre o que tenho percebido se perder todos os dias, na esperança, que ao ler você possa ser orientado a não fazer o mesmo e caso seja mais um da lista dos “perdedores do século 21” você possa mudar conscientemente o rumo da sua vida e caso não consiga tenha a coragem de buscar ajuda.

Preocupa-me o rumo com que as coisas têm seguido, a consequência real do quanto o avanço tecnológico, o aquecimento econômico  de nossa nação estão afetando drasticamente o que eu acredito  ser o combustível para uma nação saudável , uma célula social mínima, mas que tem uma potência gigante de construir ou desconstruir um sistema altamente complexo chamado sociedade, refiro-me a FAMÍLIA.

O câncer de nossa geração está intimamente relacionado com aquilo que perdemos, com o que não temos mais, e como uma relação em cadeia faz com que toda a saúde do sistema (sociedade) se desmorone. Não temos mais TEMPO para cuidar do que é essencial.  O trabalho, o consumismo, a vontade de ser grande, ter poder, em seguir a tendência mundial, tem exigido que cada um de nós gaste muito tempo fora de casa e pouco tempo dentro dela.

Embora muitas vezes o motivo seja “nobre”, (cuidar da família, ajudar as pessoas, melhorar o mundo, etc) estamos injetando diariamente ar em nossas relações, na tentativa de ocupar o espaço vazio da presença, do ensino, de afeto, da transmissão de valores éticos, religiosos, sociais e são estes indivíduos vazios que estão sendo lançados como bombas atômicas todos os dias do interior da família para a sociedade.

Pais que não entendem que dinheiro e presença não são as mesmas coisas, marido que não compreende que trabalhar muito para prover o lar não é o mesmo que cuidado. O marido precisa entender de uma vez por todas que quando ele está fora do lar sendo um ótimo profissional, maravilhoso líder, grande e bondoso pastor, pode estar sendo deixado (não por todos, mas por muitos) um rastro do vazio na sua família. É uma questão de lógica, muito tempo fora = a pouco tempo dentro, afinal, não existe em nenhum ser humano a capacidade de ocupar dois lugares no espaço ao mesmo tempo. Por outro lado, a esposa também precisa  ter em mente  que o cuidado com a casa, com o filho, com marido, não substitui os momentos de entrega a eles através do diálogo, do tempo de qualidade reservado as pessoas e não aos objetos da casa, sem contar que são inúmeras as mulheres que trabalham fora de casa e estão tão preocupadas em tornarem-se grandes profissionais que se esquecem da família. É preciso ter cuidado, equilíbrio, bom senso.

Tempo é sinônimo de importância, então eu te pergunto: “quanto tempo você passa com aqueles que ama? Filhos, esposo (a), namorado (a), noivo (a), pais. Trabalhar para eles não é o mesmo que estar com eles. Ex: Você pode lavar o meu carro, mas isso não significa que você esteja me lavando, zelando por mim. E é por isso que vivemos em uma sociedade tão doente, cheia de mulheres tão frágeis emocionalmente porque estão vazias, filhos desorientados porque estão vazios, homens levianos, covardes porque estão vazios, mulheres promiscuas, adulteras que mostram o corpo para não mostrar a alma que  também está vazia.

Comece a pensar nos vazios que você tem deixado nas pessoas, principalmente naquelas com as quais você possui aliança de sangue e de alma: FAMÍLIA. Não pense agora nas pessoas que tem deixado “vazios” em você. Mas faça o caminho inverso pense nos buracos que a sua ausência  tem deixado no outro.

Se a sua mulher está vazia de você, ela tem se enchido de que? Se o seu marido está vazio de você, ele tem se enchido de que? Se seus filhos estão vazios de você, eles tem se enchido de que? Saiba que o vazio é uma condição insuportável, então o natural é que este vazio clame e busque por preenchimento, e essa é a questão: o que está fazendo o papel substituto? Vale a pena refletir sobre este assunto.






[1] É uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer o supremo bem da vida humana

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

SAUDADE



Boa tarde pessoal!

Depois de algum tempo sem postar algo, vou compartilhar com vocês um texto que li a pouco sobre a tão conhecida SAUDADE, quem não a sente, não é mesmo!? Grande parte de minha vida é uma grande saudade.

Boa leitura!

SAUDADE... Bem.. sobre saudade, muito há o que se falar.

Existem pessoas que se recordam com saudade de um determinado encontro amoroso onde teve um prazer um tanto quanto mais acentuado do que o seria lícito esperar. Fica, então com recordação daqueles doces momentos flutuando em suas lembranças. Essa é a parte boa. A que pode não ser muito boa, é quando se defronta com as poucas possibilidades de um novo encontro. E em havendo, com a expectativa de que nunca será a mesma coisa...

Também existe a saudade de amigos, entes queridos que se foram. Aí, se não existe nenhuma expectativa de reve-los, há que se curtir as boas recordações mesmo. Única solução.

Há também aqueles que, por circunstâncias se afastam da família. Tem que saber administrar a ausência, principalmente quando razões adversas impedem um reencontro.

Realmente, por vezes complica. É quando se diz que a "saudade dói". Não é uma dor física. Essa dor fica na alma. Sente-se e só se consegue minorá-la, com os meios de comunicação. Quem vive ou já viveu fora do País, ou tem entes queridos nessas condições, sabe bem do que estou falando.

Por vezes vem um nozinho na garganta e, para desmanchá-lo, tem que se usar o "método das boas lembranças". Mesmo que essas estejam meio distantes no tempo.

Novamente nossa amiga e poeta Anna Amélia, lembra algo interessante, vejam:
"Na terapia me colocaram a saudade como sentimento que a gente tem, quando uma experiência ou vivência é interrompida antes de se completar... o resto seriam lembranças.... Identifiquei-me muito com esta idéia. Por isso a saudade dá aquela espécie de tristeza, aquela vontade de completar a vivência interrompida. Aí a solução é fazer o que você falou, procurar as boas lembranças que ficaram, para se consolar, e sair da tristeza, ou procurar meios de completar a experiência vivida.....O que você acha?"

Eu penso que é exatamente por aí... O que provoca a saudade, está muito bem assim explicado... é aquele algo mais que faltou naquela convivência com determinadas pessoas.

O que se pode dizer também, é que por vezes pinta uma pessoa muito especial e, por circunstâncias, não se pode ficar junto. Nesses casos, a saudade chega a ser muita... Mas... que fazer? O melhor é procurar acomodar no mesmo pacote a saudade trazida pela ausência, com as recordações que motivam essa saudade e aí, quando começar a doer, abre-se o lado das lembranças, e o negócio é curti-las. Não é o medicamento definitivo, mas serve como paliativo. Entendeu amiga?

Aplica-se também a animais de estimação, e até mesmo a certos objetos perdidos ou roubados. Claro que nesse caso não com tanta intensidade. Mas sempre será uma "vivência interrompida", que será mais ou menos dolorosa conforme o tipo de interrupção na vida.

Pode-se também pensar em termos de viagens, lembrando aquele turista, por exemplo, que se preocupa tanto em fotografar a viagem, que deixa de vivê-la como poderia, e depois sente saudade do que poderia ter vivido ou feito, e não teve tempo, pois estava fotografando, esquecendo-se de que se as fotos guardam as imagens, o que é visto e fotografado com os olhos do espírito, permanecem para sempre no melhor álbum de recordações que é a memória...

Tive uma prova disso ao relembrar agora a viagem ao Congo. Não tirei muitas fotos. As melhores perderam-se pela ação do tempo. Não as consegui recuperar. Mas os fatos vividos ficaram gravados de forma indelével, e à medida que ia escrevendo, posso dizer que estava vendo um filme em três dimensões. Cheguei a sentir o cheiro daquela manada de elefantes, ou sentir o bafo da mamãe hipopótamo atrás de mim, resfolegando mais do que uma locomotiva... Bem como o tremor incontrolável que senti quando a leoa faminta deu aquela patada no pára-brisas do jipe.

Não tirei fotos e não precisei delas...

Saudade... recordações... por que será que nunca conseguimos resistir ao nozinho na garganta? 


Marcial Salaverry 

terça-feira, 29 de maio de 2012

PROGRAMA CALEIDOSCÓPIO

No dia 21 de maio participei do Programa Caleidoscópio na TV HORIZONTE. O tema do programa foi muito interessante "FILHO DE PEIXE, PEIXINHO É", onde abordamos a influência dos pais nas escolhas profissionais dos filhos.

Confiram as fotos, em breve postarei o vídeo:





domingo, 29 de abril de 2012

O amor e seus desafios




O desafio do amor: Aceitar o outro com ele é (e não como eu gostaria que ele fosse).



“A emoção fundamental que torna possível a história da hominização é o amor... Não estou falando com base no cristianismo... O amor é a emoção que constitui o domínio de condutas em que se dá a operacionalidade da aceitação do outro como legítimo outro na convivência, e é esse modo de convivência que conotamos quando falamos do social. 
Por isso, digo que o amor é a emoção que funda o social. Sem a aceitação do outro na convivência, não há fenômeno social.  Em outras palavras, digo que só são sociais as relações que se fundam na aceitação do outro como um legítimo outro na convivência, e que tal aceitação é o que constitui uma conduta de respeito. Sem uma história de interações suficientemente recorrentes, envolventes e amplas, em que haja aceitação mútua num espaço aberto às coordenações de ações, não podemos esperar que surja a linguagem. Se não há interações na aceitação mútua, produz-se a separação ou a destruição. Em outras palavras, se há na história dos seres vivos algo que não pode surgir na competição, isso é a linguagem”
Maturana (1998)

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Quem é o seu amante?


Muitas pessoas têm um amante e outras gostariam de ter um.
Há também as que não têm e as que tinham e perderam.
Geralmente, são essas últimas que vêm ao meu consultório, para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insônia, apatia, pessimismo, crises de choro, dores etc.
Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar seu tempo livre.
Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente perdendo a esperança.
Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme: “Depressão”, além da inevitável receita do antidepressivo do momento.

Assim, após escutá-las atentamente, eu lhes digo que não precisam de nenhum antidepressivo; digo-lhes que precisam de um AMANTE!!!
É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem meu conselho.
Há as que pensam:
“Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas”?!

Pausa para reflexão...




"Mas só existe um jeito de dar ao outro aquilo que é carne da gente: falando". Rubens Alves


Falar é ato de entrega, doação, cumplicidade, produz confiança, amor, cura feridas, constrói relacionamentos, destrói fantasmas... precisamos falar... falar...!


Abraços a todos!

sábado, 28 de janeiro de 2012

O que quer uma mulher?





O que quer uma mulher? Pergunta Freud, no auge de seus estudos sobre a feminilidade, no entanto, muito tempo se passou após está indagação dirigida pelo pai da Psicanálise a Maria Bonaparte, e muito pouco foi descoberto a fim de desvendar tal mistério. Definitivamente, vou me apartar, ainda que brevemente, dos postulados científicos, das teorias machistas e dos discursos teóricos dominantes e abrirei umas aspas para lhes dizer o que de fato queremos, prezados homens!


Chega de dizer que somos castradas, isso todas nós já sabemos, é óbvio que estamos cientes de nossa falta e de nossos buracos, sabemos que nunca seremos completas por elementos desta cultura, já está claro que a completude transcende à nossa espécie. Para que tanta ladainha sobre o fato de sermos o sexo frágil, afinal, quem disse que fragilidade é defeito, não viemos estragadas de fábrica.
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